Trecento
O Trecento representa a preparação para o Renascimento e é um fenômeno basicamente italiano, mais especificamente da cidade de Florença , pólo político, econômico e cultural da região, embora outros centros também tenham participado do processo, como Pisa e Siena , tornando-os a vanguarda da Europa em termos de economia, cultura e organização social, conduzindo a transformação do modelo medieval para o moderno.
A economia era dinamizada pela fundação de grandes casas bancárias, pelo surgimento da noção de livre concorrência e pela forte ênfase no comércio, e cada vez mais se estruturava em moldes capitalistas e bastante materialistas, onde a tradição era sacrificada diante do racionalismo, da especulação financeira e do utilitarismo. O sistema de produção desenvolvia novos métodos, com uma nova divisão de trabalho organizada pelas guildas e uma progressiva mecanização, mas levando a uma despersonalização da atividade artesanal. A Itália nesta época era um mosaico de pequenos países e cidades independentes. O regime republicano com base no racionalismo fora adotado por vários daqueles Estados, e a sociedade via crescer uma classe média emancipada intelectual e financeiramente que se tornaria um dos principais pilares do poder e um dos sustentáculos de um novo mercado de arte e cultura.
Na religião a mudança foi assinalada pela busca, amparada pela ciência, de explicações racionais para os fenômenos da natureza; por uma nova forma de ver as relações entre Deus e o homem, e pela idéia de que o mundo não deveria ser renegado, mas vivenciado plenamente, e que a salvação poderia ser conquistada também através do serviço público e do embelezamento das cidades e igrejas com obras de arte, além da prática de outras ações virtuosas. Deve-se frisar que mesmo com a crescente influência clássica, que era toda pagã na origem, o Cristianismo jamais foi posto em xeque e permaneceu como um pano de fundo ao longo de todo o período, criando-se a síntese original que conhecemos hoje.
Quatrocento
Ao longo do Quatrocento Florença se manteve como o maior centro cultural do Renascimento, atravessando um momento de grande prosperidade econômica e conquistando também a primazia política em toda a região, apesar de Milão e Nápoles serem rivais perigosos e constantes. A opulência da sua oligarquia burguesa, que então monopolizava todo o sistema bancário europeu e adquiria um brilho aristocrático e grande cultura, e se entregava à "bela vida", gerou na classe média uma resistência retrógrada que buscou no gótico idealista um ponto de apoio contra o que via como indolência da classe dominante. Estas duas tendências opostas deram o tom para a primeira metade deste século, até que a pequena burguesia enfim abandonou o idealismo antigo e passou a entrar na corrente geral racionalista. Foi o século dos Medici, destacando-se principalmente Lorenzo de' Medici, grande mecenas, e o interesse pela arte se difundia para círculos cada vez maiores.
S2 BEATRIZ P. E CAROL S2
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